Por Floresta News
Publicado em 28 de julho de 2025 às 14:31H

Um laudo técnico da Polícia Federal concluiu que a queda da ponte Juscelino Kubitschek, na BR-226, foi provocada por falta de manutenção adequada, reformas mal executadas e descaso por parte do poder público. A tragédia ocorreu no dia 22 de dezembro de 2024, deixando 14 mortos e três pessoas ainda desaparecidas. A ponte ligava os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), sobre o Rio Tocantins, e tinha 533 metros de extensão. A estrutura foi inaugurada em 1961.
Segundo os peritos, o colapso começou a ocorrer em um intervalo de 15 a 30 segundos, com o vão central desabando em menos de um segundo. O laudo aponta que o aumento do tráfego de veículos pesados ao longo das décadas sobrecarregou a estrutura, que não recebeu os reforços necessários para suportar o volume atual de carga. Às informações são do G1.
A última grande intervenção na ponte ocorreu entre 1998 e 2000. Durante essa obra, foi removida a camada original de concreto do piso e aplicado um novo asfalto, além da instalação de um reforço lateral. Esse reforço, no entanto, foi descrito como tendo se desprendido com facilidade no momento do desabamento — “como fita crepe”, segundo o perito Laércio de Oliveira Silva Filho. O próprio asfalto aplicado na reforma pode ter comprometido ainda mais a estabilidade da estrutura.
Um relatório técnico encomendado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em 2020 já havia classificado a condição da ponte como “sofrível e precária”, recomendando a execução de reformas. Uma licitação para revitalização chegou a ser realizada em 2024, mas não houve vencedores, e nenhuma intervenção foi executada a tempo de evitar o colapso.
O laudo foi entregue ao delegado responsável pela investigação. Para ele, o acidente não foi imprevisível. “Houve omissão por parte de agentes públicos quanto à manutenção da obra. Não se trata de um caso fortuito ou força maior. Esse desastre era plausível e foi anunciado”, afirmou o delegado Allan Reis de Almeida.
O Dnit informou que uma comissão técnica finalizou o relatório interno sobre o acidente e o enviou à corregedoria do órgão. Já o Ministério dos Transportes afirmou que o superintendente regional do Dnit no Tocantins, Renan Bezerra de Melo Pereira, foi exonerado em abril. A pasta também garantiu que uma nova ponte será entregue até dezembro deste ano. O ex-superintendente, por sua vez, nega responsabilidade e afirma ser inocente.
(Floresta News)