Por Correio de Carajás
Publicado em 25 de janeiro de 2022 às 09:59H
Ruas e avenidas que estavam totalmente submersas na última semana voltaram a estar trafegáveis nesta segunda-feira (24), dando condições a muitos flagelados da cheia a que retornassem pela primeira vez para conferir como estavam as suas casas. O rastro de destruição é considerável, com móveis inutilizáveis, paredes e pisos marcados pela lama, além do mal cheiro. Quanto ao Rio Tocantins, a boa notícia: recuou mais de metro e ontem finalizou o dia em 11,72 metros acima do normal.
E deve seguir nesse ritmo. O Boletim de Vazões e Níveis da Eletronorte prevê que o rio siga recuando e que esteja em 11,60 nesta terça-feira, e 11,06 na quinta-feira, o que permitiria a um contingente de mais de 2000 famílias a retornarem a suas casas.
De acordo com a Defesa Civil é aguardado ainda um repique, subida no nível do rio, pois ainda não passou o período de cheias e a orientação é que as famílias permaneçam nos abrigos ou em casa de familiares ou amigos e que a ajuda para as famílias continua acontecendo normalmente. Atualmente são 21 abrigos oficiais e 20 caminhões para o transporte das pessoas, bem como seis embarcações para uso das famílias ilhadas.
DESOLADOS
A cena na manhã desta segunda-feira (24) era a mesma em várias ruas de Marabá: moradores contabilizando os prejuízos provocados pela enchente e fazendo a limpeza das casas.
Após o recuo do Rio Tocantins em vários quarteirões, bairros mais baixos da cidade, saíram de “dentro d´água”. Com isso, muitos moradores voltaram às residências pela primeira vez para tirar os pertences que estragaram com a subida do rio.
Nascido na Marabá Pioneira, Igor Silva, 25 anos, disse estar acostumado com a enchente que assola grande parte do bairro.
Na manhã desta segunda, ele foi com a esposa, a filha de apenas um ano, e um amigo, na residência pela primeira vez desde que saíram de lá. Com o rio subindo rapidamente, a família suspendeu o que pode e se mudou para casa de parentes.
“Perdemos a televisão e o sofá. A água subiu mais do que a gente estava esperando”, disse o morador, que contou com a ajuda de um amigo para retirar a lama fétida de dentro de casa.
A rápida elevação do nível do Rio Tocantins, durante o mês de dezembro e início de janeiro, assustou até mesmo os moradores mais antigos do bairro, como dona Raimunda Lopes, de 68 anos. Com balde, rodo e vassoura, a idosa estava acompanhada do marido de 86 anos.
Morando há mais de 30 anos no local, Raimunda diz que nem pensa em se mudar de lá. “Essa foi a casa que Deus me deu. Já passei por muitas enchentes, mas daqui não saio”, disse.
Hospedada na casa da filha, no Bairro Liberdade, ela conta que assim que perceberam que o rio estava subindo, eles colocaram as coisas no andar de cima– construído por causa da enchente – e saíram de casa. “Hoje só viemos limpar e ver como estava nossa casa”, fala a senhora.
Em algumas ruas da Marabá Pioneira, as cenas eram lamentáveis: muito lixo nas ruas e dentro d´água. Sabe-se que algumas ruas do bairro tem um escoamento mais lento, tanto que com um dia de chuva, ruas ficam completamente alagadas. Contudo, é importante ressaltar que a população precisa fazer a sua parte.
Equipes da limpeza urbana de Marabá começaram uma verdadeira força-tarefa para retirar das ruas a quantidade de lixo, que é assustadora.
Além da sujeira, a enchente trouxe alguns prejuízos às obras públicas. Canteiros, bancos e lixeiras quebradas. Procurado pela reportagem, Fábio Moreira, secretário de obras, afirmou que tudo que está quebrado será recuperado.
Atingidos
A cheia do Rio Itacaiúnas e Tocantins atingiu, além de residências, alguns comércios da cidade. De acordo com os últimos dados emitidos pela Defesa Civil, mais de 4.290 famílias foram atingidas no município.
Apesar do recuo do nível do rio, a Defesa Civil recomenda que as pessoas ainda não retornem definitivamente para suas casas devido a conhecida situação de repique, que é quando o rio volta a subir.