Por Floresta News
Publicado em 23 de agosto de 2024 às 02:54H
Fundação Pará Paz acolhe e orienta para o recomeço de uma vida digna, enquanto a Deam recebe as denúncias das vítimas
Para muitas mulheres, conseguir um emprego vai além de uma conquista financeira; é uma vitória pessoal. Aos 54 anos e com três filhos, R.P.M. viveu um relacionamento abusivo por 11 anos. Com a maioria das mulheres que vivenciam essa realidade, ela dependia emocional e financeiramente do ex-companheiro, que a perseguia por ciúme até no local de trabalho.
“Ele tomava conta do meu dinheiro. O dele era dele, e o meu também era dele”, relembra. Muitas vezes, ela ia trabalhar com o rosto machucado e inventava desculpas para esconder a verdade. “Eu dizia que tinha caído da escada ou no banheiro. Ninguém acreditava, mas acabava perdendo o emprego por conta da situação, porque as pessoas tinham medo”, conta a vítima.
Segundo o relato de R., o pior momento foi quando, após uma série de agressões, ela foi trancada em um quarto por 15 dias, até melhorar a aparência dos hematomas no rosto. “Quando fui solta, tive pensamentos suicidas. Mas não queria deixá-lo impune, por isso resolvi procurar ajuda e fiz a denúncia”, reforça R.
Nesta fase, entrou na vida dela o acolhimento e atendimento oferecidos pela Fundação ParáPaz, órgão do Governo do Pará. “Quando cheguei na ParáPaz Mulher fui muito bem recebida. Fui ouvida, sem julgamentos, e resolvi denunciar na mesma hora. Voltei pra casa mais calma e comecei a frequentar os encontros com as psicólogas”, informa.
Após um ano e nove meses de separação, R. enfrentou um período difícil. Estava desempregada e precisava sustentar sua família. Com a orientação das profissionais na Unidade Integrada ParáPaz, há dois meses ela trabalha, com a carteira assinada, e sente orgulho dessa conquista.
“Perdi amigos, trabalho, e hoje não tenho vergonha do que passei. Fui uma vítima, e o importante é a mulher que me tornei. Agora, posso comprar minha alimentação, pagar minhas contas, comprar minhas coisas. Não podemos aceitar esse tipo de violência. Precisamos nos libertar, nos amar, deixar o medo de lado, porque é possível”, assegura.
Texto: Por Nathalia Mota (PARAPAZ)