Por G1
Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 18:15H
A Polícia Federal indiciou o filho do governador do Pará, Alberto Jatene, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Ele havia sido preso durante a operação “Timóteo” da polícia federal em 16 de dezembro, mas foi solto por um habeas corpus no dia 18 do mesmo mês.
Ao todo 50 pessoas foram indiciadas pela operação Timóteo desde dezembro de 2016, entre elas Alberto Jatene e o pastor Silas Malafaia. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (24). A Polícia Federal informou que não irá comentar o caso, já que a apuração das irregularidades corre em segredo de justiça.
Alberto Jatene é assessor jurídico do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas dos Municípios do Pará. Segundo a polícia, por conta do seu cargo ele teria recebido R$ 750 mil de um escritíorio de advocacia que intermediava contratos fraudulentos para exploração mineral no intuito de conceder vantagens ao grupo criminoso.
O governador do Pará, que cumpre agenda no interior do estado, não se manifestou sobre o indiciamento do filho. Na época da prisão, Simão Jatene (PSDB) publicou um vídeo nas redes sociais defendendo a conduta de Alberto.
“Como pai, eu não posso deixar de registrar a profundar dor e estranheza que me causou ver o nome do meu filho, cuja história não sugere ou registra qualquer desvio de conduta, figurar na referida operação. Preocupado em ser justo e não fugir à verdade, fiz questão de ler centenas de páginas para constatar que meu filho, Alberto, é mencionado poucas vezes e de forma absolutamente superficial, como se mostrará adiante”, disse o governador na gravação.
O esquema criminoso
A operação Timóteo ocorreu em 11 estados e no DF. Ela foi batizada desta forma em referência a um dos livros da Bíblia. A organização criminosa, de acordo com a PF, agia junto a prefeituras para obter parte dos 65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) repassada aos municípios. Em 2015, o CFEM acumulou quase R$ 1,6 bilhão.
Ainda conforme os investigadores, munidos das informações, os suspeitos entravam em contato com municípios que tinham créditos do CFEM junto a empresas de exploração mineral para oferecer seus serviços.
As investigações da Operação Timóteo apontam que a suposta organização criminosa era dividida em, pelo menos, quatro grandes núcleos:
– o núcleo captador, formado por um diretor do DNPM e pela mulher dele, que, segundo a PF, prospectavam prefeitos interessados em ingressar no esquema;
– o núcleo operacional, composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria registrada no nome da esposa do diretor do DNPM, que comandava o esquema de corrupção. Esse núcleo, afirma a PF, repassava valores indevidos a agentes públicos;
– o núcleo político, formado por políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema;
– o núcleo colaborador, que, conforme os policiais, era responsável por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro desviado. Entre os integrantes desse núcleo, diz a PF, está Malafaia, que recebeu dinheiro do principal escritório de advocacia responsável pelo esquema. A PF apura se ele emprestou contas bancárias da instituição que ele comanda para ocultar a origem supostamente ilícita do dinheiro.
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