Por G1
Publicado em 03 de dezembro de 2020 às 06:19H
Equipes do interior do estado e de Belém atuam nas buscas pelos suspeitos de envolvimento com o assalto a banco que ocorreu na madrugada desta quarta-feira (2), em Cametá, no Pará. Nesta tarde, foi encontrada, no km 40 da BR-422, próximo a Oieras do Pará, uma caminhonete com 38 quilos de explosivos que seriam usados pelos criminosos no ataque à agência bancária. Helicópteros sobrevoaram a região ribeirinha e encontraram ainda o carro usado pelos bandidos, que foi abandonado do rio e será recuperado para passar por perícia.
O crime ocorreu no começo da madrugada e envolveu uma quadrilha com pelo menos 10 criminosos. Eles bordaram diversas pessoas que estavam na praça em frente à agência do Banco do Brasil e as fizeram de escudo humano.
Moradores relataram, em redes sociais, uma noite de terror. Um homem, identificado como Alessandro de Jesus Lopes Moraes, foi morto após ser feito refém. Outra pessoa foi atingida na perna e precisou ser internada no hospital da cidade, mas sem risco de morte.
Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), a quadrilha errou o cofre e não levou nada do banco.
Peritos da Polícia Federal e Polícia Civil se deslocaram até Cametá e finalizaram, nesta tarde, a perícia na agência bancária, na base da Polícia Militar e nos veículos. Foram encontradas cápsulas de balas e outras pistas que irão contribuir para a elucidação do caso e identificação dos suspeitos.
De acordo com os agentes de segurança, a orientação à população é não trafegar pela Transcametá, uma das rotas de fuga dos criminosos. “Eu moro em Tucuruí e presto serviço em Cametá. Como os assaltantes empreenderam fuga pela Transcametá, que é justamente a rota que uso, a polícia pediu que ninguém circule nesse período por Cametá, Limoeiro do Ajuru e Mocajuba, porque as buscas continuam”, diz Dieh Kleine, jornalista da região.
Uma equipe dos Sindicatos dos Bancários foi enviada para Cametá para acompanhar o caso e ouvir os funcionários do banco. “Às vezes, o bancário não é bordado, mas se ele ouviu baterem na porta dele de madrugada, se ligaranm para o celular dele, se houve algum tipo de situação assim a agente deve estar atento para saber se o bancário foi monitorado pela quadrilha. Pode ter acontecido de um carro parado na frente de casa de funcionário, algo de diferente que aconteceu nos últimos dias antes do assalto”, diz Tatiana Oliveira, presidente do sindicato.
Uma quadrilha com pelo menos 10 criminosos tomou as ruas de Cametá (PA), a 235 km de Belém, e assaltou uma agência do Banco do Brasil. A ação aconteceu no começo da madrugada desta quarta-feira (2).
Moradores relataram, em redes sociais, uma noite de terror. Um homem, identificado como Alessandro de Jesus Lopes Moraes, foi morto após ser feito refém. Outra pessoa foi atingida na perna e precisou ser internada no hospital da cidade, mas sem risco de morte.
Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), a quadrilha errou o cofre e não levou nada do banco.
A ação tem características semelhantes à registrada em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, na madrugada desta terça (1º), em que uma quadrilha também fez ataques pelo município em ação para assaltar uma agência do Banco do Brasil.
Em 2020, o estado registrou outros dois assaltos semelhantes: um em Ipixuna do Pará, em 30 de janeiro, e em São Domingos do Capim, em 3 de abril. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (Segup), “praticamente todos os envolvidos” foram presos. De 2017 a 2020, foram 51 assaltos desse tipo no Pará, de acordo com dados da secretaria.
Assim como ocorreu em Criciúma, a quadrilha atacou um quartel da Polícia Militar (PM), impedindo a saída dos policiais, e usou reféns como escudos para se locomover pelas ruas da cidade. As pessoas foram capturadas em bares.
Esse crime é conhecido como “novo cangaço” ou “vapor”, que se caracteriza por ações rápidas, violentas, com muitos disparos de armas de fogo, tomada de reféns e uso de explosivos. Normalmente, são planejados em cidades de médio e pequeno porte, que tem um efetivo menor de policiais. Nas ações, os criminosos cercam os batalhões de polícia.
“Muita gente estava assistindo ao jogo, os bares estavam lotados”, diz Márcio Mendes, morador da cidade, em entrevista a GloboNews. “Renderam as pessoas e levaram para frente da base da Polícia Militar.”
O nutricionista Vinicius Valente, 33, mora em frente ao 32º Batalhão da Polícia Militar do Pará, que foi cercado pelos criminosos.
“Minha filha tá doente, tava fazendo nebulização e coloquei ela pra dormir, por volta de 23h30, quando começou, muito tiro. A gente pensava que era por causa do jogo que tava tendo na praça, mas aí depois começamos a ouvir gritaria na rua e a gente começou a se desesperar. O movimento tava em frente da Praça da Cultura [que engloba três praças que ficam uma do lado da outra: a da Justiça, a da Bandeira e a dos Artistas], onde tudo começou. Eles pegaram os reféns que estavam assistindo o jogo. O filho de uma senhora que vende batatas fritas em frente ao quartel foi um dos reféns, a senhora ficou dentro do trailer e escapou”, relata Vinicius.
Os criminosos atiraram para cima durante mais de uma hora. O grupo usou armas de alto calibre e explosivos. Vídeos registram que em aproximadamente 2 minutos foram ouvido 45 tiros.
A agência do BB atacada, que fica no prédio da Câmara dos Vereadores de Cametá, ficou destruída (veja foto abaixo).
Em nota, o Banco do Brasil informou que não abrirá nesta quarta-feira e que não há registro de funcionários ou colaboradores do BB feridos na ação. O banco ainda ressaltou que colabora com as investigações e aguarda a conclusão dos trabalhos de varredura da perícia e liberação do acesso ao local, quando será possível realizar a avaliação dos danos à estrutura e a limpeza da agência. O Banco do Brasil não informa valores subtraídos durante as investidas criminosas às suas agências.
Os bandidos deixaram a cidade pela rodovia Transcametá e seguiram pelo rio. Segundo a PM, o grupo fugiu usando carros e barcos – a cidade fica às margens do Rio Tocantins. Até às 10h30, a Secretária de Segurança Pública do Pará (Segup) informou que não há presos. Uma caminhonete com explosivos foi apreendida no km 15 da estrada que liga Cametá a Tucurí, segundo o governo.
Cametá é uma das 10 maiores cidades do Pará, com cerca de 136 mil habitantes, segundo o IBGE, e fica próximo à Ilha do Marajó, no norte do estado. O governador Helder Barbalho (MDB) disse está a caminho do município para acompanhar as investigações.
“Já estou em contato com a cúpula da segurança pública do Estado acompanhando as providências que estão sendo tomadas neste episódio, no município de Cametá. Não mediremos esforços para que o quanto antes seja retomada a tranquilidade e os criminosos sejam presos. Minha total solidariedade ao povo cametaense”, escreveu governador.
De acordo com as primeiras informações do Governo do Estado, durante a fuga os criminosos deixaram dinamites no km-40 da BR-422, ainda em Cametá. Mais adiante, no km-80 da mesma rodovia, mas já no município de Baião, um carro suspeito de ter sido usado na fuga foi encontrado dentro do rio Itaperuçu. A Polícia acredida que os suspeitos seguiram pela mata a partir daí.
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