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Sistema Floresta

Homens morrem mais que as mulheres por falta de prevenção

Por Agência Pará
Publicado em 07 de novembro de 2017 às 08:11H

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De cada três mortes, duas são de homens. De cada cinco óbitos, na faixa de 20 a 30 anos, quatro são do sexo masculino. Além disso, os homens morrem mais que as mulheres em todas as faixas etárias, menos acima dos 80 anos, porque dificilmente chegam a essa idade, informou Carlos Sales Júnior, coordenador estadual de Saúde do Homem da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), durante o lançamento da Campanha Novembro Azul, no auditório da Escola Superior Madre Celeste (Esmac), em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. Ele abordou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, voltada à faixa etária dos 20 aos 59 anos.

Segundo o coordenador, os homens brasileiros vivem 7,2 anos menos que as mulheres, “e as principais causas desse quadro são o fato de os homens acharem que nunca vão adoecer, fazem diagnóstico tardio de doenças graves, não seguem o tratamento recomendado, estão mais expostos aos acidentes de trabalho e trânsito, utilizam álcool e drogas em maior quantidade, envolvem-se mais em situações de violência e não praticam atividade física com regularidade”.

Além das causas socioculturais, conforme Carlos Sales Júnior, há fatores de caráter institucional dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Um deles é o fato de a saúde pública priorizar a saúde da criança e da mulher. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem só foi instituída em 2009, há apenas oito anos, e a maioria dos serviços ainda não se adequou para atender a esse público.

Um exemplo de obstáculo está nos horários de funcionamento dos postos de saúde, que inviabilizam o acesso dos homens ao atendimento. “Daí a necessidade de haver horários alternativos de atendimento, e é importante que os gestores municipais identifiquem isso e ofereçam um terceiro turno à população masculina”, sugeriu o coordenador, acrescentando que alguns municípios onde há projetos de mineração isso já acontece, o que facilita bastante a vida do trabalhador.

Outro obstáculo apontado por Carlos Sales Júnior é a dificuldade que os homens enfrentam para conseguir liberação do trabalho para tratamento de saúde, ao contrário das mulheres, que conseguem essa liberação para cuidar dos filhos e outros familiares.

Atenção primária – Em função disso, a maioria dos homens entra no SUS pela porta dos serviços de urgência e emergência, e não pela Atenção Primária, e ficam sem acesso aos serviços de promoção da saúde e prevenção, chegando ao Sistema com doença avançada, com menos chance de cura e maior custo social. “Está na hora de a sociedade perceber que cuidar da saúde não é coisa de mulher; é coisa de homem, também”, enfatizou o coordenador da Sespa.

Em 2016, o Pará registrou, na faixa etária entre 20 e 59 anos, a internação hospitalar de 79.661 homens, dos quais 24.169 por causas eternas; 11.929 por doenças do aparelho digestivo; 10.613 por doenças infecciosas e parasitárias, e 6.615 por doenças do aparelho respiratório.

Almir Ramos Costa, aposentado de 73 anos, é uma exceção. Além de fazer seus exames anualmente, ele foi ao lançamento da Campanha Novembro Azul não apenas para participar, mas também para mostrar a dificuldade que os usuários enfrentam para fazer uma ultrassonografia da próstata em Ananindeua. “Participo das atividades educativas do Novembro Azul desde 2013, mas não consegui fazer a ultrassonografia pelo SUS em 2015, só o PSA. Então, tive que pagar pela consulta e exame particular”, disse o aposentado. A secretária adjunta da Sespa, Heloísa Guimarães, e Moisés Vaz, coordenador de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Ananindeua (Sesau), se comprometeram a resolver o problema.

Conforme Carlos Sales Júnior, para que essa realidade seja mudada é necessária maior adesão dos gestores municipais à Política de Saúde do Homem, que tem como eixos Acesso e Acolhimento, Saúde Sexual e Reprodutiva, Paternidade e Cuidado, Prevenção de Violências e Acidentes e Principais Agravos/Condições Crônicas; mais pesquisas na área de Saúde do Homem, e mais organização da sociedade civil.

Por Roberta Vilanova

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