Por Floresta News
Publicado em 30 de abril de 2025 às 07:11H
Médicos apontam que antes dos tremores e da rigidez muscular, sinais sutis como distúrbios do sono e perda do olfato podem indicar o início da doença
Em Belém, o Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência no tratamento de doenças neurológicas na região Norte, recebe pacientes com diagnóstico de Parkinson encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através da Central de Regulação. Atualmente, o hospital oferta atendimento especializado para 100 pacientes com disfunção que, embora ainda sem cura, pode ser controlada com acompanhamento médico adequado.
A doença crônica e progressiva, segundo o neurologista Bruno Lopes do HOL, é causada por uma degeneração das células nervosas localizadas na região da substância negra e afeta os movimentos, outras funções cerebrais e até mesmo comportamentais.
“Não existe uma única origem, algumas pessoas têm uma predisposição genética, que não pode ser modificada, mas também existem elementos ambientais que contribuem para aumentar o risco”, afirma o médico Bruno Lopes.
Entre os fatores ambientais mais estudados, o contato com pesticidas — tanto os agrícolas quanto os domésticos — é apontado como um dos principais vilões. “Existe uma associação muito forte na literatura científica entre a exposição a pesticidas, como o glifosato e a atrazina, usados principalmente na agricultura, e o surgimento do Parkinson. Mas também há risco no uso de inseticidas comuns em casa, que continuam no ambiente por dias depois da aplicação”, alerta.
O especialista explica que o contato pode ocorrer de várias formas: pele, respiração ou ingestão de alimentos contaminados. “Mesmo o uso constante de produtos em spray, dentro de casa, pode gerar um efeito cumulativo ao longo dos anos”, explicou.
A maioria dos pacientes com Doença de Parkinson tem mais de 50 anos, faixa etária que representa o principal grupo de risco para doenças neurodegenerativas. Contudo, elas também pode acometer pessoas mais jovens e, há casos, muitas vezes, em que as pessoas precisam se aposentar precocemente devido à progressão da enfermidade. Essa situação gera diversos impactos, tanto na vida do paciente quanto na de seus familiares, afetando a renda, a rotina e o bem-estar de todos os envolvidos.
De acordo com o doutor Bruno Lopes, “a idade é, de fato, o maior fator de risco. Quanto mais velho o paciente, maior a chance de desenvolver essa disfunção neurológica. Aqui, no Hospital Ophir Loyola, temos uma média de pacientes um pouco mais jovens. Muitos estão na faixa dos 40 a 50 anos, e alguns até têm menos de 40. Isso pode estar relacionado a fatores ambientais específicos, como a maior exposição a agrotóxicos em áreas rurais.”
(SESPA)