Empreendedorismo Feminino – um dia só é pouco para exaltar essa luta

Nós mulheres nem imaginamos, mas todos os dias inspiramos várias outras mulheres, sejam elas nossas filhas, amigas, e hoje em dia com as redes sociais como vitrine, inspiramos as seguidoras. É um elo que se constrói a cada passo que decidimos dar, ainda mais quando se trata de empreendimentos. Pois quando uma mulher decide empreender, ninguém a segura!

O empreendedorismo feminino colabora para a construção de uma sociedade mais justa, gerando oportunidades de liderança para as mulheres. Desde 2014, 19 de novembro foi estabelecido como o Dia do Empreendedorismo Feminino pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Aqui em Tucuruí são várias histórias de sucesso de mulheres que estão à frente de seus negócios. Hoje vamos conhecer quatro delas. A primeira está no comercio há mais de 40 anos. Lucimar Silveira é dona de uma loja de roupas, Xopin Modas, e conta que a loja já existia na década de 80 e ela começou como caixa, depois vendedora e por fim gerente. Em uma oportunidade onde uma das sócias (eram 3 mulheres) teve que ir embora e ela agarrou ali aquela chance. Visionária ela não se contentou em ter apenas uma loja e resolveu arriscar: “Com muitos moradores da Vila indo em embora devido ao término da barragem, vi a necessidade de expandirmos para Tucuruí. Pesquisei o mercado e vi que tinha um ponto para vender na Lauro Sodré lugar super estratégico, chamei minha sócia, Rachel Riberto, que já tinha ido embora para São Paulo, compramos parte do ponto e abrimos outra loja. Ficamos com as duas por 10 anos. Com o passar do tempo vendemos a da Vila ampliamos a de Tucuruí e comprei a parte da sócia me tornando a única proprietária. Em março desse ano a loja completou 40 anos e aqui estou me reinventando todo dia”.

A área da beleza também tem destaque entre as mulheres empreendedoras. Elas dominam a arte de deixar outras mulheres muito mais bonitas. Na nossa cidade duas profissionais em extensão de cílios e micropigmentação de sobrancelhas são inspirações para centenas de mulheres, Mica Araújo e Jady Almeida.

Para Mica a ideia de ter o próprio espaço surgiu depois de trabalhar em num estúdio e perceber que era boa em gerenciar tudo: “Na época eu trabalha para outras pessoas e fazia de tudo no estúdio em que eu trabalhava, cheguei até mesmo em um desses trabalhos, ser vista como a dona do estabelecimento devido o meu posicionamento!”.

Para Jady que nunca tinha trabalhado em outro lugar o incentivo foi a independência financeira: “Eu queria ter meu próprio negócio, quando casei não queria depender do meu esposo, sempre pensei desse jeito, em somar para o sustento da casa”.

Outra mulher que ganha destaque na cidade é Natália Carvalho, que faz da sua arte o seu meio de vida. Ela faz arte em lettering, uma forma milenar de expressão, uma modalidade de desenho de letras livres, unindo um trabalho de design, ilustração e escrita. Não usa fontes pré-fabricadas, acabando por criar um estilo único de escrita em cada ilustração.

Para Natália o empreendedorismo surgiu de uma necessidade e desejo de viver do que amava fazer: “Sabia que se desse certo poderia viver do que eu amo fazer e seria reconhecida por isso, além de tornar o que eu amo conhecido de todos despertando muitos a amarem também. No ápice da pandemia em nossa cidade, com o isolamento não tinham muitas distrações e ao mesmo tempo a família passava. Então iniciei rabiscando papéis, fazendo coisas até que de repente descobri o lettering e comecei a estudar fundo até o ponto de pensar em comercializar o que produzia”.

Motivos nunca faltam quando uma mulher resolve ser sua própria chefe e são os mais variados possíveis. O problema são as dificuldades e falta de apoio, que os homens geralmente não encontram quando decidem fazer o mesmo. Uma pesquisa da Rede Mulher Empreendedora (RME) mostra que 55% das empresárias brasileiras abriram o negócio nos últimos 3 anos. Destas, 26% abriram o negócio atual durante a pandemia. Muitas delas, porém, empreendem por necessidade e enfrentam dificuldades, como o acesso ao crédito. Segundo a RME, 43% das participantes da pesquisa que solicitaram empréstimo, tiveram seus pedidos negados.

Com Natália não foi diferente, ela sentiu na pele essa falta de apoio que a desestimulou no começo: “Quando você começa algo na vida sempre tem as incertezas e ter o apoio, principalmente no começo, é crucial para que você decida se pode continuar ou se desiste antes mesmo de começar. A família não apoiou muito, alguns amigos acharam loucura. Mas os poucos apoiadores foram suficientes para que fossemos dando pequenos passos. Gostamos de pensar que a falta de apoio é natural, pois todo novo dá medo, seja para quem está de fora assistindo ou está dentro vivendo”.

Para Mica o fato de ser mulher a prejudicou desde que decidiu empreender, mas isso não foi impedimento para continuar já que ela mesmo se define como teimosa: “Além de mulher tinha o fato de ser muito jovem, isso atrapalhou. Mas o que me ajudou foi ter como inspiração mulheres que estavam onde eu queria estar”.

Mulheres sempre são questionadas sobre suas escolhas, nas entrevistas de emprego de algumas empresas, o fato de serem mães é sempre levantado. Ninguém pergunta para os homens quem fica com o filho caso ele adoeça. Para Jady, que é da Igreja Adventista, ainda existia outra questão, os adventistas guardam o sábado e não trabalham nesse dia, e no começo ela pensou que não iria conseguir por causa disso: “Quando eu me batizei na Igreja Adventista do Sétimo Dia pensei que minhas clientes iam me abandonar pois eu não trabalho no sábado. Em minhas orações pedia a Deus uma cliente por dia só, era o suficiente pra comprar o alimento”.

Hoje elas são inspirações para muitas outras mulheres e fazem de suas redes sociais uma vitrine dos seus trabalhos, além é claro de deixar seus conselhos para quem quer começar um negócio e se arriscar no mundo das empreendedoras.

 “Se joga! Você terá medo, o tempo todo, mas só você sabe o quão aquilo é importante para você. Mostre esse sonho para Deus que ele estará contigo.  No começo nada será fácil, mas no fim tudo será compensado”. Mica Araújo. (@studiomicaaraujo)

“Nunca desista do que você quer, confie primeiramente em Deus. Trabalhe com que você gosta de verdade, não pelo dinheiro, mas por amor”. Jady Almeida. (@jadyyalmeida)

“Tudo é possível. A mulher pode se destacar dentro da sociedade. Sua posição está fixada por Deus e isso não mudará. Por possuir várias habilidades, nós mulheres podemos cuidar do lar, da família e dos negócios. Tudo com compromisso, força de vontade e muita organização pode e dá certo. O esforço e dedicação geram frutos, e esses frutos falarão mais que palavras”. Natália Carvalho. (@gotasdecriatividade)

“Eu diria para outras mulheres hoje, que os desafios são grandes, mas persistam, empreender vale a pena. Satisfação pessoal e financeira vem e o mais importante você estará contribuindo para sociedade, gerando emprego e renda para outras famílias”. Lucimar Silveira. (@xopin_modas)

Texto Liliane Skittberg