Por Floresta News
Publicado em 22 de novembro de 2021 às 18:13H
O longa “Aikewara – a Ressurreição de um Povo” estava concorrendo com outros quatro filmes na categoria Mostra Competitiva de Filmes Etnográficos Jean Rouch, dentro do III Festival do Filme Etnográfico Do Pará. O evento aconteceu em Belém de modo virtual e presencial entre os dias 16 e 21 de novembro de 2021.
O Filme aborda a violência cultural sofrida pelos Aikewara, desde o primeiro contato com o branco até a visão inédita sobre o envolvimento deles na Guerrilha do Araguaia. A ocupação do território, na visão dos diretores, Luiz Arnaldo Campos e Célia Maracajá, trouxe consequências desastrosas para esse povo, como o alistamento de jovens indígenas para a guerra e a extinção de práticas culturais.
Para o cineasta Jose Carlos Asbeg, que escreveu uma crítica do longa, os diretores souberam ouvir o que aquele povo queria contar: “É brilhante! A transição dos depoimentos é feita em fade outs, recurso que evita o corte seco, abrupto. É como se Luiz e Célia não quisessem interromper a fala de ninguém, então aquela pessoa sai de cena suavemente e a seguinte entra com a mesma suavidade como se fosse uma única pessoa falando. No fundo é isso: um povo que fala por muitas vozes, uma só voz”.
Filmes Concorrentes
Outras quatro produções estavam na disputa pelo prêmio Jean Rouch:
“Favela É Moda” revela a força estética e política de jovens negros das periferias do Rio de Janeiro em busca de realização pessoal no mundo da moda. O documentário aborda a recente tendência do surgimento de agências de modelos nestas periferias e revela os dilemas, sonhos e desafios dos jovens em busca de visibilidade, distinção e ascensão social. Apresenta, ainda, uma geração que acredita na afirmação de identidades e sexualidades. O filme acompanha o desenvolvimento de modelos de uma agência que tenta reverter o cenário de sub-representação dos corpos negros e fora do padrão estabelecidos na moda.
“La Montaña Enmascarada”. No inverno, as montanhas seguem o ritmo do carnaval. Esta temporada de desordem, de um “mundo de cabeça para baixo”, é um reflexo de nossas noções primitivas de celebração, ligados como estão ao pensamento simbólico e aos ritmos vitais da natureza.
“Mestre Cupijó E Seu Ritmo” nasce do desejo de apresentar um dos maiores mestres da música tradicional paraense: Joaquim Maria Dias de Castro, mais conhecido como Mestre Cupijó. Na região do Baixo-Tocantins, uma das mais ricas musicalmente da Amazônia, Mestre Cupijó, buscou inspiração em ritmos tradicionais para suas composições, como o Siriá, o Bangüê, ou ainda em outras referências, como o mambo. Ele é também considerado como um dos precursores da música instrumental dançante no Pará.
“O índio cor de rosa contra a fera invisível”.Entre as décadas de 40 e 70, o médico sanitarista Noel Nutels percorreu o Brasil tratando da saúde de indígenas, ribeirinhos e sertanejos e filmou muitas de suas expedições em filmes de 16mm. Em 1968 foi convidado a falar sobre a questão indígena à CPI do índio, dias antes do AI5. Imagens inéditas do seu acervo e o único registro de sua voz se unem em “O índio cor de rosa contra a fera invisível” para denunciar o que ele chamou de massacre histórico contra as populações indígenas.